Aumento no Preço do Diesel: Impactos na Economia e no Setor Agrícola
O recente reajuste no preço do diesel, anunciado pela Petrobras em 29 de janeiro, entrou em vigor no dia 1º de fevereiro, trazendo um acréscimo de R$ 0,22 por litro. A medida visa reduzir a defasagem de 17% em relação aos preços internacionais, conforme informações da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). No entanto, mesmo com esse aumento, o diesel ainda apresenta uma diferença de R$ 0,54 em relação ao preço internacional.
Os Custos por Trás do Reajuste
A discrepância nos preços praticados pela Petrobras em comparação com os produtos importados está atrelada a fatores como variações cambiais, preço do petróleo e custos logísticos. Os combustíveis impactaram significativamente a inflação em 2024, ultrapassando o teto do sistema de metas. De acordo com o IBGE, os combustíveis registraram um aumento de 0,7% ao longo do ano, com destaque para o etanol (1,92%), óleo diesel (0,97%) e gasolina (0,54%).
O aumento no preço dos combustíveis tende a afetar toda a economia, elevando custos de transporte e mercadorias, especialmente alimentos. Segundo estimativas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP), o preço do diesel para o consumidor final poderá atingir R$ 6,17 por litro, com distribuidoras pagando em torno de R$ 3,72 por litro.
Para o economista André Braz, da FGV Ibre, o diesel exerce influência estratégica na economia brasileira, impactando a movimentação das máquinas agrícolas, a geração de energia termoelétrica, o transporte público urbano e o frete de mercadorias.
Reajuste do ICMS e Seus Reflexos
Além do aumento imposto pela Petrobras, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) também sofreu um reajuste de R$ 0,06 por litro de diesel, impactando ainda mais o custo final para os consumidores. Este aumento ocorre após um período em que a companhia manteve os preços inalterados desde 2023.
Impacto no Transporte e na Agricultura
O transporte rodoviário é a espinha dorsal da economia brasileira, sendo responsável por conectar polos industriais e agropecuários aos consumidores finais. Segundo a Associação Nacional de Transporte e Logística (NTC&Logística), cerca de 60% das mercadorias são transportadas pelas rodovias brasileiras.
De acordo com Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística, o combustível representa aproximadamente 35% do custo do frete. O impacto do aumento do diesel varia conforme a distância das rotas e o consumo dos caminhões. No setor agropecuário, que depende fortemente do transporte rodoviário, o reajuste tende a elevar os custos logísticos, principalmente no primeiro semestre, período de colheita da primeira safra do ano.
O diesel também é essencial para o funcionamento de máquinas agrícolas, como colheitadeiras, o que aumenta não apenas o custo do transporte, mas também o custo da produção. Valdivia destaca que, embora o repasse aos consumidores seja inevitável, as empresas costumam levar até quatro meses para refletir esses custos nos preços finais.
Outros Aumentos no Setor de Combustíveis
Em julho de 2024, a Petrobras reajustou o preço da gasolina vendida para as distribuidoras em R$ 0,20, elevando o valor para R$ 3,01 por litro. Além disso, está previsto um novo aumento de R$ 0,10 por litro para fevereiro. Por outro lado, o gás de cozinha sofrerá uma redução de R$ 0,26 por botijão de 13 kg, trazendo um pequeno alívio para os consumidores.
Conclusão
O aumento no preço do diesel traz impactos significativos para a economia brasileira, afetando desde o custo do transporte até a inflação e os preços dos alimentos. Setores como logística e agronegócio sentirão esses efeitos de forma mais intensa, especialmente no primeiro semestre do ano. Com o reajuste também no ICMS e a tendência de novas alterações nos preços dos combustíveis, consumidores e empresas precisarão se preparar para um período de custos mais altos e reajustes nos produtos finais.
